segunda-feira, novembro 27, 2006

Desistir será solução?

É segunda-feira, aquele dia particularmente difícil...

Muito trabalho à espera no escritório, uma semana que promete ser de loucos, um trabalho para entregar no curso quarta-feira e paciência zero!
Oiço frequentemente dizer, ou nas minhas costas ou directamente, que "quem escolheu trabalhar em artes/teatro/ou essa coisa lá dos artistas fui eu", também me chegam aos ouvidos piropos do estilo "vocês das artes têm a mania que são uns coitadinhos", "queixam-se de não ter subsídios e vivem em grandes casas e têm grandes carros", "se tivessem um emprego a sério é que íam ver o que custa a vida" e por aí fora. A segunda resposta que me vem à cabeça (sim, porque a primeira é demasiado forte) é deveras complexa para ser traduzida. Às vezes limito-me a encolher os ombros (e a raiva) e rio-me para dentro (lá dizia a outra "Rio, rio, rio, rio para não chorar”). Mas penso em respostas e enumero-as na minha cabeça para continuar a acreditar nelas e em mim:
- Sim, escolhi trabalhar nesta “coisa” maravilhosa “dos artistas”
- Sim, sentimo-nos “coitadinhos” às vezes, se por “coitadinho” se entender “pessoa infeliz” como vem no dicionário. O que para alguém constantemente desempregado não é nada do outro mundo.
- Queríamos ter “grandes casas e grandes carros” mas no sentido lato da palavra “grande”. Uma casa grande onde pudéssemos ensaiar e qui ça ter a nossa sala de espectáculos e um carro grande onde transportar os adereços e cenografias das peças, sem ter de guardar uma fatia da fatia orçamental que nos é entregue para pagar a uma transportadora.
- Nós sabemos o que custa a vida e também sabemos que empregos “a sério” não existem. Quem nisso acredita, também deve acreditar que o Pai Natal cabe na sua chaminé (e passa pelos cabos do exaustor).

Hoje, no jornal “O Metro” vinha uma entrevista dada pela actriz Guida Maria, que até então não me dizia nada mas que, qual voz da minha alma, veio traduzir o sentimento que me custa engolir e que pode calar muitas bocas de quem se insurge contra as artes do espectáculo como se de um bicho se tratasse. A Guida não fala só do teatro, fala do país e faz do teatro reflexo do que se passa em Portugal…e fá-lo de forma tal que eu, das duas uma, ou não lhe acrescentaria nada ou não pararia de lhe acrescentar palavras…





A propósito do "Stôra Margarida",
peça em cena
no auditório do Casino Estoril.


Casas e grandes carros?

Idem

...talvez um dia melhore...não se sabe é quando!

Tenho dito.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Hallo desaparecida..... Por onde tens andado?

Beijos grandes
Maguy+Gu+Raul

28 novembro, 2006 11:45  

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