sábado, agosto 04, 2007

"Amador" é uma peça sobre porque é que se faz teatro: é para se falar da vida ou é para nos exibirmos? Se há realidade que se está a passar ali fora,

por que é que estamos aqui fechados a ver uma imitação?"

Amador», de G. Rijnders (por Jorge Silva Melo)
...

"No autocarro:

Uma senhora lá do fundo do veículo grita ao motorista:
"Olhe lá! Então não pára!?"
O motorista não ouve e a senhora percorre o autocarro e grita-lhe, agora quase ao ouvido:
"Porque é que não parou?
O motorista grunhe um "desculpe" e abre a porta.
Um senhor de muletas aproveita o momento de paragem e tenta levantar-se; o momento é curto e o veículo arranca ainda antes do senhor se agarrar, este desequilibra-se, tenta equilibrar-se mas a muleta bate num carrinho de bebé.
O senhor cai.
A muleta voa e cai em cima do bebé adormecido.
Os passageiros gritam, o bebé chora, o motorista pára e grunhe um "está tudo bem?".


(Em Lisboa, há dias atràs. Duração? Pouco mais de um minuto.)

"Há drama em todo o lado, excepto no palco"

Amador», de G. Rijnders

Etiquetas: ,