Se houve quem não tivesse deixado de acreditar em Portugal quando perdemos contra a França – e a verdade é que a recepção feita no aeroporto, na estrada ou no hotel mostra que muitos portugueses continuaram do lado das “quinas” mesmo depois do jogo com a Alemanha–Também se encontraram muitas janelas despidas de bandeiras no dia seguinte ao “déja-vu” francês...
Este comportamento só poderá mesmo ser compreendido se trautearmos a música da Galp que diz a determinado ponto:
“quero ainda mais”.Digo: “pode ser compreendido” olhando sempre do meu ponto
. de vista que me lembra a todos os minutos a minha condição de 100%Tuga... aquele-individuo-que-nunca-se-contenta-com-o-que-tem-e-deseja-sempre-mais-e-mais-e-mais... embora às vezes o que tenha já chegue e sobre para ele e, caso se lembrasse de o partilhar, para os vizinhos em redor.
Este mero exemplo futebolístico, da nossa selecção que lutou com tudo o que pôde e nos deu tantas alegrias mas que, há oito dias atrás, jogou com um terço do apoio que tinha tido nos restantes jogos do Mundial, demonstra claramente o espírito de ansiedade com que vivemos e o desejo de querermos sempre mais embora tenhamos de encarar
“muitos ais, muitos ais” pelo caminho...
Não quero que se pense que acho esta ansiedade destrutiva no seu todo. Se este desejo de ir mais longe não estivesse impregnado no nosso sangue, provavelmente não teria havido “Descobrimentos”, não teríamos emigrantes espalhados pelo mundo que partiram em busca de muito mais do que aqui poderiam ter; mas também não nos sentiríamos tão vazios quando a nossa situação profissional estagnasse, não morreríamos de saudades de alguém com quem acabáramos de estar, não pediríamos um “4” tendo feito um “3” no Totoloto ou não desmoralizaríamos quando a nossa equipa futebolística perdesse nos quartos de final do mundial e já SÓ pudéssemos contar com o 3º ou o 4º lugar na classificação. Se não acreditam perguntem
à SIC a diferença que sentiu nas audiências entre os nossos penúltimo e último jogos...
A verdade é que mesmo conhecendo outras culturas, outras formas de estar na vida, outros sentimentos, o português continua a agir justamente como é o seu típico e já habitual modo de agir: Sofre por mais (
mais ais, mais ais, mais ais) baixa os braços à primeira dificuldade e suspira por “
ainda mais”. Dava-nos bastante jeito ter um Scolari por perto em determinadas situações...inclusivé nas chamadas obras públicas paradas durante anos...para o ouvir dizer “VAMOS ACREDITAR” ou “É POSSIVEL”...
Fica a pairar no ar uma questão: Quem terá sido o “Scolari” que disse “É POSSÍVEL CHEGAR À INDIA?”
Se o desejo de querer mais nos está impregnado no sangue, que será feito da FORÇA e da DETERMINAÇÃO que levou Vasco da Gama a ultrapassar o Cabo da Boa Esperança em vez de voltar para trás? Se alguém souber onde estão estas duas que se acuse...mas esperemos que sejam encontradas antes do Euro 2008.
