quarta-feira, agosto 08, 2007

Jorge Palma - Encosta-te a mim




Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar

Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem,
encosta-te a mim

Encosta-te a mim
, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim


Jorge Palma - Encosta-te a mim
Voo Nocturno 2007


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sábado, agosto 04, 2007

"Amador" é uma peça sobre porque é que se faz teatro: é para se falar da vida ou é para nos exibirmos? Se há realidade que se está a passar ali fora,

por que é que estamos aqui fechados a ver uma imitação?"

Amador», de G. Rijnders (por Jorge Silva Melo)
...

"No autocarro:

Uma senhora lá do fundo do veículo grita ao motorista:
"Olhe lá! Então não pára!?"
O motorista não ouve e a senhora percorre o autocarro e grita-lhe, agora quase ao ouvido:
"Porque é que não parou?
O motorista grunhe um "desculpe" e abre a porta.
Um senhor de muletas aproveita o momento de paragem e tenta levantar-se; o momento é curto e o veículo arranca ainda antes do senhor se agarrar, este desequilibra-se, tenta equilibrar-se mas a muleta bate num carrinho de bebé.
O senhor cai.
A muleta voa e cai em cima do bebé adormecido.
Os passageiros gritam, o bebé chora, o motorista pára e grunhe um "está tudo bem?".


(Em Lisboa, há dias atràs. Duração? Pouco mais de um minuto.)

"Há drama em todo o lado, excepto no palco"

Amador», de G. Rijnders

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